A ENCANTADORA CORTESÃ: MEI GONGQING – CAPÍTULO 16

Capítulo 16: Eu prefiro muito mais você

“Sou só uma mulher,” Chen Rong continuou após uma pausa, “Sou destinada a ser incompetente em minhas avaliações. É apenas um mero palpite que as tribos nórdicas pretendam interceptar os viajantes no Rio Amarelo. Eu não ousaria atrasar o senhor Wang com o que é só uma especulação. Eu apenas quero separar o meu caminho de vocês e encontrar um caminho próprio.”
O senhor Wang franziu a testa. Após algumas reclamações silenciosas, ele deu uma olhada para Wang Hong de novo.
Wang Hong observou-a por algum tempo antes de dizer: “Ah Rong, tenho certeza de que cada família enviou guardas para vasculhar as estradas. Se existisse gente das tribos Hu, por que ainda ninguém reportou para nós? Ou a senhorita está se referindo ao outro lado do rio?”
Chen Rong assentiu: “De fato eu me referia ao outro lado do rio.”
Wang Hong franziu suas sobrancelhas dessa vez. Ele disse àqueles que estavam ao seu redor: “Enviem alguns homens para atravessar o rio a nossa frente. Faça com que eles vasculhem tudo com atenção.”
Ao fazer isso, ele mostrou reconhecer a opinião dela.
Mas Chen Rong não se deu por satisfeita. Ela disse novamente: “Se existem bárbaros do outro lado do rio ou não, eu não desejo cruzar o rio. Senhor Wang, QiLang, por favor, permitam-me que me despeça.”
Ela se mantinha firme. Wang Zhuo caiu no silêncio.
Ao seu lado, Wang WuLang cerrou suas sobrancelhas. Ele apreciou a beleza inocente do rosto de Chen Rong por algum momento, levantou-se, juntou as mãos e disse: “Ah Rong, por que tamanha pressa de partir? QiLang já enviou exploradores, por não que esperar um pouco mais?” Então ele acrescentou: “Você é apenas uma mulher frágil, e não há muitos guardas do seu lado. O que você fará caso se depare com bandidos?”
Wang Zhuo fez um gesto ao seu lado e disse, “Exatamente isso. Ah Rong, se você acredita no seu Tio Wang, então não mencione mais sobre partir. Vá, vá. Esse Velho Homem ainda deseja terminar o seu jantar.” (Nota da tradutora: sim, ele está falando sobre si mesmo na terceira pessoa. Falas assim aparecerão algumas vezes nesse livro, e acho que essa foi a primeira...)
Wang Zhuo acenou com a mão, mostrando que não desejava mais falar sobre aquilo.
Chen Rong percebeu de repente que agora, se ela insistisse em se separar do grupo, ela não estaria considerando o orgulho dos Wang.
Ela pressionou seus lábios e fez uma reverência para Wang Zhuo antes de virar e sair.
Depois de mal dar dez passos, ela viu Sun Yang parado abaixo de uma árvore polar, sua postura tão rígida como de uma espada.
Mas logo que ela olhou para a sua direção, o rapaz se virou e partiu em direção do seu próprio grupo.
Chen Rong estava preocupada, de modo que nem deu mais atenção para ele. Ela abaixou a cabeça e também voltou ao grupo.
Ela acabou de subir na carruagem quando a voz da Babá Ping pôde ser ouvida do lado de fora: “Senhorita, o Senhor Wang a tem em alta estima. Talvez ele a tenha escolhido para um cavaleiro Wang.”
Chen Rong parou de se ajeitar, virando-se para olhar em direção do clã dos Wang.
O Velho Shang gargalhou: “Você está certa! Que tipo de homem o Senhor Wang é? Ele deve ter escolhido a nossa senhorita. Se nós nos separarmos da casa dos Wang em um momento como esse, nós nunca nos reencontraríamos. Onde é que os rapazes dos Wang encontrariam uma dama parecida com a nossa Ah Rong?”
A expressão de Chen desabou após ouvir aquilo. Ela relembrou a atitude de Wang WuLang com ela durante a jornada. Aquilo poderia ser verdade?
A medida que o sol sumia lentamente no horizonte, os serviçais se encontraram em uma comoção. Todas os servos pararam e se apressaram para preparar um navio para a partida do dia seguinte.
Alheia, Chen Rong saiu de sua carruagem.
Todos os lugares ao seu redor estavam abarrotados de servos atarefados. Ela vagou sem rumo por algum tempo até chegar perto de um monte, sem perceber onde ia.
Ela subiu nesse monte, olhando os servos em uma extensão de quase quinhentos metros. De lá, risadas fluíam pelo ar, e os tapetes de cetim cobriam o gramado de um branco puro.
Centenas de nobres estavam reunidos por lá.
É óbvio! Todos os grandes clãs estavam no momento nas margens do Rio Amarelo. Os jovens não poderiam perder aquela oportunidade de se apresentarem um para o outro.
“Por que você não foi lá?”
Uma voz masculina rouca subitamente apareceu por trás de Chen Rong.
“Eu partirei em breve.” Ela respondeu sorridente.
Sun Yan deu dois passos para se juntar a ela no cume do monte. Depois de um silêncio temporário, ele subitamente falou: “Você parece estar um pouco nervosa. Por quê?”
As costas de Chen Rong enrijeceram. Ela contra-atacou com aquele sorriso. “Não sou eu quem está nervoso.”
“Você está também!”
“Eu disse que não estou!” Ela se virou de modo brusco e encarou-o.
Com os últimos raios do sol que se punha, Sun Yan fixou seu olhar nela. Seus olhos eram tão afiados que Chen Rong se sentiu embaraçada por ser vista por eles.
Ela logo se virou, para que assim evitasse o olhar dele.
Sun Yan suavizou aquele olhar e murmurou: “Chen Rong, você só tem dezessete anos de idade. Por que parecem haver tantos segredos escondidos nos seus olhos?”
Ela o caçoou e rebateu veementemente: “Eu não tenho nenhum segredo!”
Sun Yan não rebateu. Ele olhou para aquele horizonte distante, no qual o céu e a terra se juntavam e, depois de um tempo, voltou-se para o local de encontro daqueles nobres enquanto comentava: “Eu pensava que você gostasse do Wang Hong. Por que você não está grudada ao lado dele como as outras garotas? QiLang da casa dos Wang não deve nem saber que você está aqui.”
Ela? Gostar do Wang QiLang? Chen Rong desdenhou.
Ela se virou para Sun Yan, sorrindo para ele com seus olhos escuros como a meia-noite. “Quem disse que eu gosto dele?” Olhando para o rapaz cuja barba só começava a nascer, mas que sempre se colocava como um homem feito, Chen Rong deu uma piscadela maliciosa e disse para ele: “Comparando com ele, eu prefiro muito mais você. Você não sabia?”
O rosto bonito dele instantaneamente se avermelhou.
Ela não esperava uma reação daquelas. Surpresa, ela não conseguiu se conter de olhar curiosamente para ele. Sob o olhar dela, Sun Yan conseguiu ficar ainda mais vermelho. Ele quase deu uma cambalhota e virou para o outro lado, sua voz rouca falou com raiva: “Nunca mais repita um absurdo desses!”
Então ele ajeitou as suas mangas e desceu o monte, apressando e desaparecendo em um piscar de olhos do campo de visão de Chen Rong.

Chen Rong olhou para a direção dele, confusa e murmurou: "Ele tinha que agir assim tão bruto? Que sujeito estranho."


Nota da tradutora: já faz algum tempo que estou adaptando uma expressão, cara, ou rosto. É o sinônimo de orgulho, dignidade, consideração, honra. Se alguém faz algo contra a sua imagem, essa pessoa estaria fazendo com que "você perdesse a sua cara". Se alguém fizer algo que te valorizasse, iria "dar cara para você". Algo parecido no português existe, mas é algo bem velho, o que seria depois de uma situação vergonhosa, dizer "como posso mostrar agora minha cara em público". Por eu considerar que é uma expressão que fica estranha, estou adaptando com seus sinônimos. Mas de vez em quando é tão difícil!


  • O tapete de cetim que foi mencionado nesse capítulo será milagrosamente transformado em um tapete de damasco no próximo.

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