A ENCANTADORA CORTESÃ: MEI GONGQING – CAPÍTULO 5

CAPÍTULO 5: O FAMOSO QILANG DA CASA DOS WANG

Todos se entreolharam até que Chen Rong bateu suas mangas e virou-se para se retornar aos seus aposentos. “Babá Ping? A Ah Rong disse a verdade?” Alguém finalmente perguntou.
Babá Ping fitou o homem e respondeu: “Não importa se ela falou a verdade ou não. Nós não perderemos nada se nos deixarmos tudo pronto.”
“Sim, Sim!”
Enquanto os servos se dispersaram e recomeçaram a trabalhar duro, passos rápidos surgiram. Um guarda suado correu até os aposentos de Chen Rong. “Senhorita, QiLang da casa dos Wang está aqui,”
Nossa!
Todos pararam para olhar, fitando o quarto de Chen Rong em choque.
Era realmente QiLang do clã dos Wang! Pelos céus, QiLang dos Wang veio pessoalmente! (Nota da tradutora: O nome dele não é Wang QiLang. Como é o sétimo filho, ele é chamado dessa maneira, que é até educada, já que com ela não se diz o nome da pessoa, que seria uma falta de respeito. Qi significa 7. Em geral, todos os personagens que aparecerão com um Lang no final terão a mesma explicação de QiLang. E todas as vezes que eu escrever Qui em vez que Qi, me avisem!!!).
A casa dos Wang não era um clã qualquer. Em toda a cidade de Ping, a casa dos Wang estava dentre as mais influentes. Ainda mais, a pessoa que veio foi Wang QiLang.
Mesmo que nem precise mencionar, as famílias proeminentes que viviam em um lugar como a cidadezinha de Ping eram apenas vindas dos ramos familiares dos grandes clãs. Por exemplo, o pai de Chen Rong só pertencia um ramo cadente do clã Chen em Jiangnan. E essa era a mesma história para o clã dos Wang.
Mas esse Wang QiLang era conhecido por todos os membros de seu clã. Ele dirigia uma carruagem com graciosidade, ele era bem vestido, ele ia e vinha onde quisesse, e ele interagia com os outros grandes clãs. Facilmente havia pelo menos uma dúzia de pessoas no seu clã que eram oficiais de alto escalão na corte. Um clã tão nobre quanto a realeza! Eles poderiam se considerar como estando bem acima das nuvens, e deixavam que o mundo os admirassem lá de baixo.
As pessoas falavam que os todos cavalheiros desse ramo do clã possuíam ares de imortais. Ninguém tinham certeza se essa opinião sobre tal família era apropriada ou não, mas todos na cidade de Ping sabiam que aquele QiLang da casa dos Wang, que tinha chegado há três meses, era uma boa pessoa!
Para os servos, Chen Rong também era uma mulher da nobreza, mas sua descendência comparada com a de Wang QiLang era como uma nuvem no céu e um barro no chão, tão distante quanto duas pontas da Via Láctea.
Quase na soleira da porta, Chen Rong se apressou. Por ter distribuído as riquezas da família e pela coral quebrado, ela previa que o clã dos Wang a teria em alta estima. Se ela pudesse acompanhá-los, a jornada seria muito mais pacífica. E se ela conseguisse se tornar íntima com eles, isso ofereceria muitas vantagens para ela quando chegassem no sul. Como já mencionado, ela não esperava que os resultados fossem tão bons. Ela conseguiu arrastar o famoso QiLang dos Wang para a porta da casa dela!
No momento, ela estava calçada com um par de tamancos de madeira e trajava um longo robe roxo que destacava a sua tez no tom de jade. Na sua face exuberante estavam um par de olhos brilhosos e um ar infantil de inocência.
Ela não perguntou em qual portão Wang QiLang estava no momento. Simplesmente, ela saiu de seu pavilhão. Com certeza, ela só partiu para o portão quando ouviu o fluxo de uma música melodiosa a frente.
O som do guqin flutuava como entre as montanhas ou como se estivesse voando pelas nuvens, carregando nele a sensação de liberdade e felicidade que eram difíceis de se colocar em palavras.
Chen Rong seguiu a música até um canto na qual uma carruagem presa a um esplêndido cavalo estava estacionada. A música estava, com certeza, vindo daquela carruagem.
Várias pessoas estavam paradas ao redor da carruagem, todos olhando em sua direção enquanto esticavam os ouvidos para apreciar a melodia.
Chen Rong não fez o mesmo. Ela caminhou rapidamente para a carruagem, o seu tamanco de madeira colidindo com o chão em todos os seus passos. Eles eram abruptos e ásperos enquanto as notas eram suaves. Por mais irritante que a situação fosse, se era intencional ou não, toda vez que o tamanco de madeira batia no chão era em um momento de virada de nota. Ela fazia com que os ouvintes estufarem de irritação.
Inconscientemente, todos olharam para Chen Rong, esquecendo que ela era a mestra deles.
A música na carruagem se encerrou, uma risada deleitosa tomou seu lugar. “Minha senhora, você apareceu porque acha que a minha música não é bela?”
Chen Rong não parou de caminhar. Ela continuou a ir em direção da carruagem, deu uma risadinha e respondeu: “A peça de guqin é muito bela. Mas como estou preocupada, não posso me dar ao luxo de ouvir uma música tão alegre.”
A risada de deleite dentro da carruagem aumentou.
“O que a aflige?” Aquele homem perguntou.
 Chen Rong sorriu. Naquele momento, ela já tinha chegado a carruagem.
Para o espanto da multidão, ela elevou as mãos e segurou a cortina da carruagem com naturalidade enquanto falava: “Já faz algum tempo em que ouço falar que QiLang da casa dos Wang foi abençoado com a bondade de um deus. Infelizmente, até o momento não tive o prazer de conhecê-lo. Eu estava muito feliz ao ouvir que o senhor veio à minha casa hoje, mas eu fiquei preocupada com a possibilidade de que o senhor perdesse o seu interesse e negasse a nossa apresentação.”
Depois de responder, ela abriu a cortina.
Uau!
Um arco-íris colorido a cegou. Naquele momento, ela não pôde evitar virar de lado para desviar.
Enquanto ela se virava, a pessoa na carruagem gargalhou e disse: “Senhorita, você veio para me ver. Agora que viu, porque você desvia o seu olhar?”
Chen Rong esfregou os olhos e respondeu: “Eu sou nada além de uma garotinha. A aparência divina que você possui faz o meu coração bater forte e isso impede que me aproxime.”
A rizada naquela carruagem explodiu. Era como o gelo e uma pedra jade se colidindo, era áspero e límpido, e extremamente agradável de se ouvir.
Chen Rong finalmente desvirou sua cabeça naquele momento para analisar o jovem rapaz na carruagem.
Ele era um homem excepcionalmente belo de cerca de dezessete ou dezoito anos.
Ele era belo como uma jade, e seus olhos eram escuros como a tinta. Ele sorria para ela. Por algum motivo, O coração de Chen realmente começou a bater mais forte quando confrontada com aquela face sorridente.
Devo dizer que outrora ela amou tanto que se machucou, e agora conseguiu uma nova vida. Ela supôs que seu coração não aceleraria nunca mais por causa de um homem. No entanto, lá estava o seu coração batendo contra seu peito. Isso conseguiria ilustrar o nível de beleza do homem que estava de frente para ela.
Não há necessidade de descrever suas feições. O mais notável era o mistério que pairava em seus olhos – o que poderia ser descrito como a neve no topo de uma montanha, o esplendor do nascer do sol, a água em um lago histórico, um salgueiro balançando durante a primavera, todas as conotações que remetiam a uma sensação de paz.
Sem saber o porquê, Chen Rong se encontrou genuinamente o encarando, em completo estupor.
O rapaz bonito observou o comportamento dela e percebeu que, apesar de está-lo admirando, seus olhos negros eram límpidos. Ele não pode deixar de sorrir, revelando uma fileira de dentes brancos. “Já viu o suficiente?” Ele perguntou.
Chen Rong deu uma risadinha enquanto continuava a apreciar o rosto sem defeitos dele e respondeu “Eu agora finalmente descobri o que as pessoas querem dizer quando elas chamam algo de ‘divino’.”
Ele riu.
Durante aquela risada, Chen Rong recuou e sem hesitar, abaixou a cortina da carruagem, tirando um da visão do outro.
A prazerosa risada de Wang QiLang recomeçou: “Se você gosta de mim como acabou de confessar, por que foi tão rápida em se retirar?”
Chen Rong assentiu em resposta. “As feições do senhor são excessivamente majestosas. Ainda quero me casar e ter filhos no futuro. Após conhecê-lo hoje, como poderei colocar outro homem aos meus olhos agora?”
Wang QiLang regozijou-se com a resposta. Ele riu um pouco antes de que o melodioso som de guqin pudesse ser ouvido de novo.
Ainda que a música remetesse às águas primaverais, Wang QiLang deu uma rizadela. “Ainda não desfrutei de nada desde que cheguei a cidade de Ping há vários meses atrás. Até hoje, até agora, quando ouvi que a mestra da casa dos Chen distribuiu toda a riqueza de sua própria família, eu fui compelido a vir imediatamente. Esse tem sido de fato um passeio que valeu a pena.”
Nesse momento, ele ordenou com leveza: “Vamos partir.” A música se encerrou com essas duas palavras.
Durante todo o caminho, desde que chegou até que sua carruagem deixasse a propriedade, ele não saiu de deu veículo ou sequer propôs a Chen Rong para que a sua família viajasse com o clã dos Wang.
Um velho servo olhou sem entender a carruagem partir antes de perguntar a Chen Rong, um tanto quanto incerto: “Ah Rong, o que a casa dos Wang quer dizer com isso?”
Chen Rong olhou para um outro lugar e deu um amplo sorriso. “O que isso significa? Eles concordaram em no deixar os acompanharem na estrada amanhã!”

Nota da tradutora: primeiros capítulos! Para as pessoas do futuros, os 5 primeiros capítulos foram publicados de uma vez só! E semana que vem, teremos mais 5 capítulos na sexta-feira. E a partir da próxima, o número diminuirá, mas terá sempre a certeza de um capítulo por semana. Ainda mais porque essa não é a única obra que pretendo traduzir… estou negociando outra! E a nova (se tudo der certo) é para quem gosta de comédia!
E peço que caso tenha/esteja gostando desse livro, divulgue! Fale dele no seu blog, no seu facebook, no Twitter, no grupo da família no Whats… Não é sobre fazer resenhas, mas só falar que A encantadora cortesã existe! Como essa é uma webnovel chinesa de romance, há poucos lugares que tem interesse de divulgar! Ninguém sabe o que é, como é, se vai ter propaganda socialista ou não… Pelo meu conhecimento, essa é a primeira webnovel chinesa de romance que é traduzida para o português!
  • a jade com a qual foi comparada com a pele dela é como essa. Em geral, quando comparam a pele de uma pessoa com jade na literatura chinesa estão sempre falando de um tom de jade branco.
  • preferi usar o termo zither em vez de cítara. (editei, troquei todos os zither por guqin depois de receber um comentário que fazia sentido) Creio que o instrumento é mais conhecido por esse nome. É conhecido como Guqin em mandarim. Aqui está um vídeo de alguém tocando esse instrumento. E a música que ele toca será mencionada no futuro nesse livro.
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